Operação Zé com Zé – operação de compra e venda, onde tanto o comprador quanto o vendedor são a mesma pessoa ou instituição. Oficialmente é chamada de Operação de Mesmo Comitente (“OMC”).
Termo correspondente em inglês – não encontrado
Veja também – Bolsa de valores, mercado de capitais e ações.
Afinal, o que é Operação Zé com Zé?
Alguém, mais nostálgico certamente se lembrará do famoso “La venta de churros“, clássico episódio do Chaves, no qual ele compra e vende churros para ele mesmo, com apenas uma moeda.
O episódio é bastante cômico, porém trágico para o mercado financeiro se frequente e intencional.
Basicamente, Zé com Zé é um jargão utilizado no mercado de capitais para a compra e venda de papéis pela mesma pessoa.
Operações com Mesmo Comitente (OMC), ou seja, quando uma ou mais corretoras compram e vendem entre si determinados papéis, manipulando seu valor.
Aliás, a [B]³ tem se preocupado cada vez mais com as operações de mesmo comitente – frequente e intencional, principalmente para fins de manipulação do mercado, o que torna a prática irregular.
A Bolsa tem intensificado suas ações no sentido de coibir praticas que venham prejudicar o mercado financeiro, em geral, e seus agentes.
são aquelas em que um investidor – identificado por seu CPF ou CNPJ – figura nas duas pontas (compra e venda) de um determinado ativo, independentemente de a compra e a venda terem sido intermediadas por um único participante ou por dois participantes distintos. Falando de forma mais simples, isso acontece quando você negocia (compra e vende) com você mesmo (mesmo CPF, por exemplo).
Nas operações de mesmo concomitante, popularmente conhecidas como operações Zé com Zé, tanto o comprador quanto o vendedor operam sob o mesmo CPF ou CNPJ, ou seja, são a mesma pessoa. Costuma-se dizer que essa pessoa atuou “nas duas pontas” (na compra e na venda), realizando um negócio de forma artificial.
O Zé com Zé pode ser feito através da mesma corretora ou, através de corretoras diferentes. Assim, a Corretora ABC é autorizada pelo Fulano de Tal a vender suas ações (por exemplo) a Corretora XYZ, que está autorizada pelo mesmo Fulano de Tal a comprá-las.
E, por que alguém faria isso?
O caso de maior repercussão até hoje no Brasil, é o do famoso investidor libanês, radicado no Brasil, Naji Nahas que ficou conhecido por suas operações especulativas no mercado de capitais, em 1989 e praticamente quebrou a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (“BOVERJ”).
Apoiadas em financiamentos bancários, três empresas do grupo de Nahas, compravam e vendiam para si próprias, tanto no mercado à vista – ações quanto no de opções, fazendo seu preço subir artificialmente.
Simples não?
Sim! Fazendo isso, ele criaria uma grande movimentação (volume), incitando o mercado a acreditar que aqueles títulos – ações ou opções seriam ótimos ativos para se investir.
A prática do Zé com Zé pode ser extremamente benéfico para uns e extremamente prejudicial a outros.
Um especulador poderia colocar uma ordem para vender um grande número de papéis e ele mesmo, posteriormente comprá-las, aumentando o volume negociado na Bolsa, para aquele papel.
Isso certamente chamaria a atenção dos demais, levando-os a crer que há alguma informação relevante sobre aquele ativo, que eles, no entanto, ainda não sabem.
Haverá, certamente, uma corrida para aquele ativo, fazendo seu preço subir.
Operação Zé com Zé é ilegal?
Depende! Nada impede que você esteja descontente com sua corretora atual e queira transferir seus papéis (ativos) para outra corretora.
Ou ainda, queira fazer movimentações entre elas.
Até 2012, todas as operações Zé com Zé eram canceladas ao final do dia. As Bolsas de Valores reconhecia que o negócio era gerado pelo mesmo comitente e avisava as corretoras para cancelar tais negócios.
Contudo, a partir dessa data, as bolsas passaram a não cancelar mais essas operações, considerando-os como negócios normais, inclusive cobrando todos os custos “bolsa” por essa transação.
Apesar dessa prática não ser totalmente ilegal (não há regras totalmente claras sobre o que é proibido ou não), a Bolsa de Valores fiscaliza essa tipo operação, punindo e aplicando penalidades quando necessário.
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Fontes de pesquisa e de referência
Para produzir esse conteúdo tivemos a ajuda dos seguintes autor(es) e publicações:
- FORTUNA, Edurdo. Mercado Financeiro: produtos e serviços. 22. ed. Qualitymark : Rio de Janeiro, 2020. [baixe aqui]
- SCHWAGER, Jack D. O pequeno livro dos magos do mercado financeiro. 1. ed. Rio de Janeiro : Sextante, 2022. [baixe aqui]
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Operação Zé com Zé. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2021. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/operacao-ze-com-ze>. Acesso em: dia, mês e ano.