Estado de carência de alimentos. Do ponto de vista bioquímico e médico, inicia-se logo abaixo do consumo de 2.500 calorias diárias para um adulto de estatura mediana e que não seja trabalhador braçal. À deficiência calórica soma-se a falta de proteínas, vitaminas e sais minerais. Sociologicamente, a fome resulta de uma desigual distribuição das riquezas socialmente produzidas. Para que se tenha uma ideia, a safra de grãos brasileira em 1997 alcançou 80 milhões de toneladas. Se dividirmos por uma população de 160 milhões de pessoas, teremos 500 kg de grãos por pessoa/ano, o que equivale a cerca de 1,3 kg de grãos por pessoa/dia (a média mundial é um pouco inferior a 1 kg). Se tal distribuição fosse possível (trata-se apenas de um exercício teórico que serve para dar-nos uma indicação de que o problema não está na produção, mas sim na distribuição), ninguém morreria de fome ou de subnutrição no Brasil. O fenômeno ocorre também em decorrência de flagelos naturais (secas, inundações, epidemias, pragas). É um fenômeno típico dos países subdesenvolvidos ou do Terceiro Mundo, onde imperam profundas desigualdades sociais e são escassos os recursos produtivos. Para os estudiosos do problema, a fome só será extinta por meio de uma série de medidas de alcance social, como reforma agrária, melhor distribuição da renda, diversificação da produção, aumento da produtividade agropecuária e cooperação internacional, especialmente da parte dos países ricos. Em 1993, foi criado no Brasil o Programa Nacional de Combate à Fome, inspirado e dirigido pelo sociólogo Betinho (Herbert José de Souza), até a sua morte, ocorrida em 1997. Veja também FAO; Subdesenvolvimento.