Filósofo escocês, o maior representante do ceticismo no século XVIII e um dos precursores do liberalismo econômico. Levou às últimas consequências o empirismo de Francis Bacon (1561- 1626) e John Locke (1632-1704), concluindo que o conhecimento humano não pode alcançar a certeza, mas somente o provável. Kant afirmava que Hume o despertara de seu “sono dogmático”. Adam Smith, considerado o fundador da ciência econômica, também foi muito influenciado por ele: nas obras filosóficas de Hume, estão desenvolvidas algumas das teses fundamentais do liberalismo, como, por exemplo, a de que a propriedade não é um direito natural e seu primeiro fundamento é o trabalho. As ideias exclusivamente econômicas estão em oito ensaios que fazem parte de Political Discourses (Discursos Políticos), 1752. Particularmente importante é o primeiro ensaio, no qual o autor trata dos problemas do comércio exterior, atacando a tese central do mercantilismo (de que a riqueza privada é o fundamento da riqueza pública) e mostrando que os comerciantes e donos de manufaturas absorvem recursos que poderiam servir ao fortalecimento do Estado. Nesse texto, Hume procura mostrar que o comércio exterior exerce o papel de fornecedor do estímulo inicial à indústria, com o que aumenta o número de empregos, a demanda interna e a riqueza da nação. Passada essa fase inicial, no entanto, o comércio exterior deixaria de ser essencial ao desenvolvimento da indústria, tornando-se um mal que deveria ser combatido, pois as pessoas ricas causariam um crescimento ilimitado da demanda interna. O mercantilismo é também atacado quando afirma que a abundância de moeda (trazida pelo comércio exterior) não é a causa da baixa nas taxas de juros, pois estas dependeriam dos lucros no comércio e na indústria, tese posteriormente retomada por Smith e Ricardo.