Conceito que se refere à distribuição diferenciada da renda de um país ou região pelas diversas camadas sociais. É um dos campos em que a teoria econômica se liga mais intimamente à análise sociológica e política e às ideologias da sociedade de classes, que tentam justificar ou criticar a distribuição desigual. Entre as teorias “justificativas” está a do “capital humano”: os diferenciais de renda refletiriam os diversos níveis de treinamento e escolaridade dos indivíduos. Outra corrente teórica, algumas vezes denominada matemática ou probabilística, criou um modelo explicativo segundo o qual a distribuição da renda se altera por influência de “choques aleatórios”, que fariam aumentar ou diminuir a renda de cada pessoa. Já a corrente institucionalista aponta como determinantes da distribuição da renda as leis sobre herança, a força relativa dos sindicatos e o papel do governo na fixação dos salários. No Brasil, a partir da década de 60, desencadeou-se uma política econômica que provocou uma acentuada concentração da renda, atingindo principalmente os setores secundário e terciário. Partia-se do pressuposto de que o aumento da renda nas classes mais abastadas incentiva a poupança e o investimento e, consequentemente, o crescimento da produção. Para atingir esses objetivos, o governo reduziu os salários reais e, além disso, visando a reduzir o poder de barganha dos trabalhadores, proibiu as greves e tomou outras medidas coibentes da organização operária. O arrocho salarial dos trabalhadores pouco qualificados possibilitou que os aumentos de produtividade do sistema fossem, em sua maior parte, retidos em mãos dos empresários e dos trabalhadores de nível elevado: foi o modelo do “milagre econômico brasileiro”. A consequência foi a brutal concentração da renda em benefício de uma minoria. Em 1960, por exemplo, 50% dos assalariados de rendimentos mais baixos recebiam 17,6% da renda total; em 1970 estavam recebendo apenas 13,7% da renda do país. Paralelamente, 38,8% da renda cabiam, em 1960, aos 10% mais ricos; em 1970, sua parcela havia aumentado para 48,3%. Veja também Coeficiente de Gini; Lorenz, Curva de; Renda, Repartição da.