Taxa real de juros – 1) taxa nominal de juros descontada a inflação; 2) taxa de juros que um indivíduo recebe (ou espera receber) depois de descontar a inflação.
Termo correspondente em inglês – real interest rate.
Veja também – equação de Fischer, inflação, ilusão monetária, juros, juro real, juro nominal, taxa nominal de juros, taxa de inflação, taxa referencial de juros (TR) e taxa de juros.
Afinal, o que é Taxa Real de Juros?
Juros é um sobrepreço que se paga, pelo uso do dinheiro durante certo tempo.
Quando esse juros supera a inflação, dizemos que houve um ganho real, ou taxa real de juros.
Quando esses juros é inferior a inflação, a taxa de juros real inexiste ou será negativa e, por conseguinte, não conseguirá compensar a desvalorização da moeda. Disse-se nesse caso, que houve perda.
A taxa real de juros é a taxa que um indivíduo recebe (ou espera receber) depois de descontada a inflação.
Inflação é um fenômeno que causa o aumento persistente e generalizado nos preços dos bens e dos serviços, acarretando a perda do poder aquisitivo da moeda.
Uma das metas governamentais (entre outras) é o combate à inflação, reduzindo-a a valores pequenos (o mínimo possível), pois, com o aumento desenfreado da inflação, há grandes distorções na economia, como a perda do poder aquisitivo dos indivíduos – esses por sua vez, tem nos salários a base para seu sustento, perda dos que recebem renda fixa – como os aluguéis; queda nos investimento em virtude a incerteza econômica ou devido a perda de parte de sua renda real; aumento da procura por bens reais – como terrenos, residências e obras de arte; queda da poupança se não for remunerada de acordo com as expectativas dos novos aumentos de preços e etc.
Um caso particular é o da hiperinflação, em que o aumento, geralmente em virtude da grande expansão dos meios de pagamento, é tal que as pessoas procuram não reter dinheiro em virtude da rapidez com que diminui seu poder aquisitivo, gastando-o rapidamente e provocando novos aumentos de preços.
O mais conhecido caso de hiperinflação ocorreu na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, onde a inflação chegou a mais de 1.000.000.000,000% entre agosto de 1922 e novembro de 1923, segundo Sandroni (2005).
Inversamente, o fenômeno da deflação é caracterizado pela queda persistente nos preços de bens e serviços da economia. A expectativa de queda nos preços gera adiamento do consumo e dos investimentos, acarretando queda na produção e aumento de desemprego. Excesso de demanda.
Uma espiral deflacionária pode levar um país a uma depressão econômica como a que houve nos Estados Unidos entre 1929 e 1933, que foi combatida com o aumento dos gastos públicos do governo, os quais reaqueceram a economia.
Como calcular a taxa real de juros?
Para encontrar a taxa real de juros, basta descontar a inflação (em termos percentuais) da taxa nominal (ou taxa aparente, como é comum encontrar). A representação matemática da taxa real de juros é dada pela seguinte fórmula¹:
( 1 + i ) = ( 1 + r ) x ( 1 + δ )
Onde, “i” é a taxa de juros efetiva (ou nominal); “r” é a taxa de juros real; e “δ” é a inflação.
Agora, vejamos um exemplo prático:
Imaginemos uma taxa nominal de juros (Selic em janeiro de 2011) de 11,25% e a taxa de inflação igual a 5,45% (janeiro de 2010/2011), a taxa real de juros será:
( 1 + 0,1125 ) = ( 1 + r ) x ( 1 + 0,0545)
Eliminando, os parênteses, temos:
1,1125 = ( 1 + r ) x 1,0545
Mudando os elementos de lado, teremos:
1 + r = 1,1125 / 1,0545
Isolando-se o “r”, temos:
r = (1,1125 / 1,0545) – 1
Temos então como valor de “r”:
r = 0,0545 ou 5,45%.
Exemplos reais da taxa de juros reais
Agora, vamos a exemplos reais do uso da taxa de juros reais no dia-a-dia!
Imagine que você investiu $20 mil durante um ano, com rendimento de 12% ao ano. No mesmo período, a inflação medida no período foi de 8,5%. Dessa forma, teremos:
( 1 + i ) = ( 1 + r ) x ( 1 + δ )
( 1 + 0,12 ) = ( 1 + r ) x ( 1 + 0,085)
1 + r = 1,12 / 1,085
r = 1,032258 – 1
r = 0,032258 ou 3,2258%
Por mais que o investimento tenha rendido 12% durante o ano, a inflação corroeu boa parte dos rendimentos, deixando somente 3,22%. Essa foi a taxa real de juros dessa aplicação.
Agora, imagine que você depositasse os mesmos $20 mil na poupança, durante o período de 12 meses, e ao final desse período resgatou $21.140, qual seria a taxa de juros real?
Primeiramente, precisamos descobrir a taxa de juros nominais dessa operação. Para isso devemos pegar o rendimento da aplicação e dividir pelo valor investido:
i = 1.140 / 20.000 = 0,057 ou 5,7%
Agora, calculemos a taxa real de juros, considerando a mesma inflação no período:
( 1 + i ) = ( 1 + r ) x ( 1 + δ )
( 1 + 0,057 ) = ( 1 + r ) x ( 1 + 0,085 )
1 + r = 1,057 / 1,085
r = 0,974193 – 1
r = – 0,025806 ou -2,5806%
A taxa negativa representa que o rendimento não foi suficiente para cobrir o prejuízo causado pela inflação no período, ou seja, os preços em geral foi maior que a rentabilidade da poupança.
No Brasil, duas são as taxas usada como referência de taxa nominal de juros: a Selic – taxa básica utilizada nos títulos públicos – definido pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) e o DI, utilizado em títulos privados. Entre os diferentes indicadores de inflação, o IPCA é considerado o oficial.
Veja a tabela completa de taxas de juros no site do Banco Central do Brasil.
O lado bom da Taxa Real de Juros alta
Não há lado bom! Pelo contrário.
Quando a taxa de juros real for mais alta que a inflação, a economia se retrai e provoca queda da inflação. Se a taxa de juros real for mais baixa, ocorre uma expansão monetária, sinalizando aumento da inflação.
Indivíduos podem entender que, se a taxa real for boa ou muito vantajosa, é melhor investir ao invés de consumir. Essa ação, num primeiro momento pode ser interessante para quem poupa e investe. Mas no longo prazo, tende a redução da taxa real dos juros.
Sem consumo, a economia para.
Qual foi a maior taxa de juros da história do Brasil?
Segundo a [B]³, a maior taxa de juros registrada na história do Brasil foi registrada em 1989, período em que a economia brasileira sofria com a hiperinflação. Em 2 de fevereiro daquele ano, o índice apurado foi de 3,626% no dia. A maior Selic acumulada em 12 meses foi registrada em 26 de dezembro do mesmo ano, quando a taxa composta atingiu 115.334,03%.
Em que ano o Brasil teve a menor taxa de juros?
A Selic a 1,90% ao ano é o menor nível já registrado para a taxa básica de juros na história do país desde sua divulgação, pelo Banco Central, em 5 de março de 1999.
¹ A relação da taxa de juros reais, juros nominais e a taxa de inflação esperada é dada pela Equação de Fischer. As autoridades monetárias tentam influenciar indiretamente a taxa real de juros e obter os efeitos desejados, utilizando dessa equação.
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Fontes de pesquisa e de referência
Para produzir esse conteúdo tivemos a ajuda dos seguintes autor(es) e publicações:
- ASSAF NETO, Alexandre. Matemática financeira e suas aplicações. 13 ed. São Paulo : Atlas, 2016.
- BIDERMAN, M. T. Camargo. Dicionário de termos financeiros e bancários. 1. ed. São Paulo : Disal, 2006.
- RIVEIRA, Carolina. “Brasil tem maior juro real do mundo. O que isso significa na prática?”. Exame. Disponível em: <https://exame.com/economia/brasil-tem-maior-juro-real-do-mundo-o-que-isso-significa-na-pratica/>. Acesso em: 14 jun 2023.
- SILVA, Marcos Noé Pedro da. “Taxa Nominal e Taxa Real de Juros”; Brasil Escola. Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/matematica/taxa-nominal-taxa-real-juros.htm>. Acesso em: 14 jun 2023.
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Taxa Real de Juros. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2023. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/taxa-real-de-juros>. Acesso em: dia, mês e ano.