Thomas Mun – economista inglês, escritor e filho de um comerciante londrino. Foi considerado um dos mais importantes pensadores do mercantilismo da história.
Termo correspondente em inglês – não há.
Veja também – balança comercial e Mercantilismo.
Afinal, quem foi Thomas Mun?
Thomas Mun nasceu em 17 de junho de 1571, Londres, Inglaterra e faleceu aos 70 anos, em 21 de julho de 1641. Filho do comerciante londrino John Mun, dedicou-se com êxito à mesma carreira, viajando pela Itália e pelo Oriente Médio, onde aparentemente obteve grande riqueza.
Seu avô era diretor da Casa da Moeda Real da Inglaterra.
Regressou a Londres (1615), onde foi membro do conselho até o fim da vida e diretor da Companhia Britânica das Índias Orientais, cuja atuação defendeu na obra “A Discourse of Trade from England unto the East Indies” (Dissertação sobre o Comércio da Inglaterra com as Índias Orientais) de 1621.
Em 1628, escreveu uma obra clássica, referência tanto para os seguidores como para os críticos – “England’s Treasure by Forraign Trade” (A Riqueza da Inglaterra pelo Comércio Exterior), mas sua publicação foi feita postumamente em 1664, ou seja, 36 anos depois por intermédio de seu filho.
Em sua primeira obra, defendia a Companhia Britânica das Índias Orientais, da qual era diretor, das críticas de alguns de seus colegas que o acusavam de contrariar o receituário mercantilista.
Argumentavam que a companhia importava mais da Índia do que exportava para aquele país, mantendo uma balança comercial deficitária, o que significava uma saída de ouro e, portanto, um empobrecimento do país.
Mun argumentava que embora isso fosse correto, as importações da Índia permitiam que a Inglaterra tivesse uma balança comercial favorável com todos os demais países. Mun estabelecia uma diferença muito importante sobre as importações – se fossem destinadas à produção de mercadorias a serem exportadas, e não simplesmente ao consumo interno, as compras no exterior estariam plenamente justificadas.
Era o caso da Companhia das Índias Orientais.
Mun cita como exemplo o comércio com a Índia. Com sua experiência como diretor de uma empresa importadora/exportadora, afirma que a Companhia das Índias Orientais enviava à Índia 100.000 libras por ano para importar seda e especiarias que, vendidas na Inglaterra, geravam 500.000 libras, incluídas as tarifas alfandegárias apropriadas pela Coroa.
Thomas Mun é sagaz e lembra que a Coroa Britânica também lucrava com a transação!
Mas desse valor de 500.000 libras apenas 120.000 libras eram consumidas internamente, sendo as restantes 380.000 libras reexportadas e a Inglaterra receberia mais metais preciosos (prata ou ouro) por essas exportações do que havia pago por elas.
Refutando a acusação de que o comércio com as Índias Orientais estava causando a saída de ouro.
Ou seja, um país poderia ter uma balança comercial desfavorável com um determinado país, se com os demais ocorresse o contrário, mais do que compensando o déficit inicial.
Mas o exemplo de Mun evidencia também outra característica da política mercantilista, a busca por monopólios.
Vender por 500.000 libras o que foi comprado por 100.000 significa um belíssimo lucro! Por mais arriscada e custosa que fosse a “carreira para a Índia” como diriam os portugueses, uma rentabilidade tão elevada valia a pena.
Mas existiam dois problemas: a) como evitar a entrada de outros competidores internos que fizessem a mesma operação, e b) como evitar a competição internacional? O primeiro problema não apresentava tantas dificuldades, bastando a obtenção de uma concessão do rei.
A segunda era muito mais complexa, pois franceses, holandeses e espanhóis eram súditos de outras majestades e não aceitariam passivamente tal situação, desejando também participar do butim. Aliás, não foram os ingleses e franceses que, logo após os descobrimentos e a assinatura do Tratado de Tordesilhas em 1494, se insurgiram perguntando onde estava o testamento de Deus, legando a metade do mundo para os portugueses e a outra para os espanhóis?
Esta política levava as grandes potências da época necessariamente ao confronto, à guerra.
Esta, por sua vez, tinha como principal instrumento o navio e seus canhões. Como manter colônias e mercados distantes sem controlar as rotas marítimas com uma frota de guerra e uma marinha mercante?
Importar madeira para a construção de navios, por exemplo, não constituía sacrilégio. A necessidade de ter uma poderosa armada suplantava — se fosse o caso — o princípio mercantilista de reduzir a um mínimo as importações.
Thomas Mun, no entanto, defendia o princípio geral mercantilista de obtenção de uma balança comercial favorável ou superavitária. Mas a diferença é que para ele o ouro já assumia os contornos de dinheiro-capital.
O ouro entrava em circulação comprando mercadorias para aparecer incrementado na venda.
Dava um salto perigoso ao sair das mãos do investidor, pois existia o risco da operação fracassar com os naufrágios, a pirataria, a deterioração dos produtos transportados e a queda de preços.
Mas o objetivo ou a intenção era voltar incrementado, pela venda a um preço mais elevado.
A diferença representando o ganho do comerciante e, questão fundamental, sendo suficiente para o pagamento dos impostos à Coroa. Este foi o incentivo que provocou uma extraordinária expansão do comércio durante os séculos XVII e XVIII.
E Thomas Mun talvez tenha sido um dos que melhor entendeu essa dinâmica.
Seu segundo livro England’s Treasure…, embora tenha sido publicado quase 40 anos depois de ter sido escrito, teve várias edições, ganhando grande popularidade durante as últimas décadas do século XVII.
Não por outra razão, foi tomado como referência por Adam Smith em suas criticas aos mercantilistas em sua obra A Riqueza das Nações.
Ao afirmar a maior importância do comércio, Mun não esquecia a manufatura, pois os produtos que vinham da agricultura deviam ser processados, ou como se poderia dizer hoje, deveriam ter maior valor agregado.
No entanto, a primazia do comércio deveria ser reconhecida – ganhava-se mais com a manufatura do que com a agricultura, e mais com o comércio do que com a manufatura. Era o comércio quem no final das contas transformava o ganho em algo tangível, durável (quer metal mais durável do que o ouro?), homogêneo e por que não dizer… bonito.
E ao mesmo tempo abstrato, genérico: poderia ser transformado em qualquer mercadoria ou utilizado para satisfazer qualquer desejo.
Mun foi um dos primeiros mercantilistas. Por outras palavras, ele acreditava que as posses de ouro de uma nação são a principal medida da sua riqueza e que os governos deveriam regular o comércio para produzir um excesso de exportações sobre as importações, a fim de ganhar mais ouro para o país.
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Fontes de pesquisa e de referência
Para produzir esse conteúdo tivemos a ajuda dos seguintes autor(es) e publicações:
- BRITANNICA. “Thomas Mun”. Enciclopédia Britânica, 2 jul 2017. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Thomas-Mun> Acesso em: 10 mar 2024.
- SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. 1. ed. Rio de Janeiro : Record, 2005.
Como citar esse artigo em seus trabalhos
Thomas Mun. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2021. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/thomas-mun>. Acesso em: dia, mês e ano.