(1) Todos os recursos, bens e valores mobilizados para constituição de uma empresa ou para uso pessoal; (2) É um dos fatores de produção, formado pela riqueza e que gera renda. É representado em dinheiro. O capital também pode ser definido como todos os meios de produção que foram criados pelo trabalho e que são utilizados para a produção de outros bens. Assim, o capital de uma empresa ou de uma sociedade, por exemplo, é constituído pelo conjunto de seus recursos produtivos que foram criados pelo trabalho humano. Os recursos naturais, como a terra, por exemplo, não são considerados capital. O conceito de capital abrange somente os meios de produção social, ou seja, aqueles utilizados em atividades que se inserem na divisão do trabalho. O que significa, num sistema capitalista, que o capital abrange os recursos usados na produção de bens e serviços destinados à venda, isto é, as mercadorias. Aqueles meios de produção que são utilizados para a satisfação direta das necessidades dos produtores não fazem parte do capital. É o caso dos aparelhos e ferramentas domésticos. Na teoria marxista, capital é o resultado da acumulação da mais-valia, obtida pelos empresários pela exploração do trabalho de seus operários ou empregados. O capital de uma firma ou empresa equivale aos recursos produtivos: equipamentos, instalações, estoques. Se esses recursos são propriedade da firma, constituem capital próprio, e seus proprietários têm direito a receber os lucros produzidos por aquele capital; se forem tomados de empréstimo, então constituem capital de terceiros, os quais recebem juros como remuneração. O conjunto dos meios de produção de uma sociedade constitui seu capital real, que se expande quando novos meios de produção são colocados em atividade. Sua propriedade é atestada por títulos negociáveis. Ao circular no mercado financeiro, esses títulos acabam por incorporar um valor que já não corresponde ao do capital que lhe deu origem, mas às expectativas de sua lucratividade futura. O conjunto desses papéis negociáveis denomina-se capital financeiro e engloba também títulos de crédito, títulos da dívida pública, os quais não representam necessariamente nenhum capital real. De modo que o capital financeiro engloba os papéis negociáveis e títulos que rendem juros. O montante do capital financeiro de uma sociedade tem uma relação bem distanciada de seu capital real. A teoria marxista considera que o conceito de capital se assenta não na propriedade de determinado tipo de meios de produção, mas numa forma específica de relação social, que se apresenta sob a forma de objetos: dinheiro, meios de produção, mercadoria. A conceituação de capital aparece referida a uma situação histórica concreta: a sociedade capitalista. Os meios de produção e o trabalho humano constituem fatores indispensáveis para a produção social, mas é no contexto do capitalismo que esses meios de produção se tornam capital, de propriedade dos capitalistas: assim como o trabalho humano assume a forma de trabalho assalariado. O capital surge, então, como resultado da mais-valia que o capitalista obtém do trabalho de seus empregados. Mesmo quando o capital inicial foi obtido pelo esforço pessoal de um capitalista, no processo de produção ele se transforma em mais-valia acumulada. Os juros e os lucros não são considerados renda do capital, e sim mais-valia apropriada do trabalhador. Historicamente, o modo de produção capitalista desempenha o papel de concentrar e desenvolver os meios de produção, que até então se encontravam dispersos e pouco desenvolvidos. A teoria marxista distingue ainda entre capital constante e capital variável. Capital constante é aquela parte do valor do capital empregada na compra dos meios de produção: máquinas, matérias-primas e outros materiais. O valor desse capital não sofre alteração durante o processo de produção, não podendo, pois, constituir a fonte do aumento do capital inicial. O capital variável é a quantidade de capital gasto na compra da força de trabalho e tem seu valor aumentado no processo de produção. Esse aumento se efetua por meio da obtenção da mais-valia, o que faz do capital variável o responsável pelo aumento do capital inicial. O conceito inicial de capital remonta ao período de desenvolvimento comercial da Idade Média, quando foram criadas novas formas de escrituração mercantil para o controle dos negócios. Nessa época, capital designava a quantia de dinheiro com que se iniciava qualquer atividade comercial. À medida que seu uso foi se consolidando, seu significado foi ganhando conotações mais amplas: assim, após os grandes descobrimentos, representava o acervo das companhias comerciais ou as parcelas de dinheiro com que os associados contribuíam para a formação de uma companhia. Capital era dinheiro investido, nada tendo a ver com os bens nos quais o dinheiro fora aplicado. Alguns séculos depois, Adam Smith apontou diferenças entre o capital social e o capital individual. Da totalidade das riquezas do homem, uma parte é utilizada para suprir suas necessidades individuais; outra pode ser utilizada para obter renda ou lucro. A primeira parte constitui apenas consumo cotidiano. A parcela destinada à obtenção de renda constitui capital. Para que dê lucros, deve ser investido em alguma atividade econômica, saindo da posse de seu investidor para retornar depois. É em tal circulação que essa riqueza, o capital, adquire seu caráter social. Depois de Adam Smith, alguns autores clássicos introduziram modificações nos conceitos de capital. Para Stuart Mill, capital é a provisão acumulada do produto do trabalho que fornece abrigo, proteção, ferramentas e materiais para a realização do processo produtivo, além de oferecer alimentos para os trabalhadores empenhados na produção. Para a corrente marginalista, capital é o conjunto de bens destinados a servir para ulterior produção, podendo ser considerado o conjunto dos bens intermediários. Entre os economistas matemáticos, o capital se constitui pelo excedente da produção sobre o consumo. Veja também Bens de Capital; Capitalismo; Composição Orgânica do Capital; Formação de Capital; Ganhos de Capital; Mercado de Capitais; Rotação do Capital.