Organização social e econômica típica da Idade Média europeia, caracterizada pelo sistema de grandes propriedades territoriais isoladas (feudos) pertencentes à nobreza e ao clero e trabalhadas pelos servos da gleba, numa economia de subsistência. O sistema era organizado segundo uma extensa e intrincada hierarquia de feudos. A terra, única fonte de poder, era recebida pelo senhor em caráter hereditário. O senhor beneficiário da doação de um feudo tornava-se vassalo do doador (suserano), qualquer que fosse o título nobiliárquico deste (rei, duque, conde, visconde, marquês, barão), ficando ambos ligados por laços de lealdade e ajuda mútua. A propriedade da terra não era plena. O senhor que a recebia em doação não podia vendê-la, e a propriedade era herdada, una e indivisível, pelo filho primogênito. Essa estrutura de relações de vassalagem tornava o poder muito descentralizado. Na prática, os próprios reis eram senhores feudais com domínios limitados. Em cada feudo, o senhor fazia as leis, administrava a Justiça, cunhava moedas, exigia impostos aos mercadores que transitavam por suas terras e estipulava o tributo que os camponeses, livres e servos, tinham de pagar. Cada feudo era economicamente autossuficiente. Nele, eram produzidos os alimentos necessários aos servos e ao nobre, bem como roupas, instrumentos de trabalho e armas. Os camponeses pagavam impostos ao senhor em produtos (parte da colheita), em trabalho gratuito nas terras senhoriais (corveia) ou em dinheiro. Também os habitantes da cidade (burgo) tinham de pagar uma taxa ao senhor das terras em que viviam. O feudalismo nasceu da desintegração do Império Romano e do modo de produção escravista, atingindo seu apogeu entre os séculos XI e XIV. Seu declínio deveu-se à conjugação do desenvolvimento das atividades comerciais e artesanais nas cidades (atividades cerceadas pelo isolamento mútuo dos feudos), com a ampliação do poder monárquico, que aos poucos foi abolindo o particularismo feudal e estendendo as fronteiras para o comércio. A servidão da gleba foi suprimida em quase toda a Europa entre os séculos XIII e XV, mas os camponeses continuaram sujeitos a vários encargos feudais, que só seriam definitivamente extintos nas sucessivas revoluções burguesas que implantaram a ordem capitalista no Velho Continente. O feudalismo também existiu no Japão até a segunda metade do século XIX e em vários países do Norte da África e do mundo árabe até o século XX. Na Rússia, os servos só foram libertados em 1861. Na Espanha e em Portugal não houve feudos, mas a ordenação social e as relações de produção feudais permaneceram na península até meados do século XIX, quando foram eliminadas pelas revoluções liberais. Veja também Artesanato; Estados Nacionais; Mercantilismo.