Marginalismo – escola e teoria econômica que define o valores bens a partir de um fator subjetivo — a utilidade.
Termo correspondente em inglês – marginalism.
Veja também – Hermann Heinrich Gossen, Jevons e a Revolução Marginalista; Stanley Jevons, Carl Menger, Léon Walras e utilidade.
Afinal, o que é Marginalismo?
Escola e teoria econômica que define o valores bens a partir de um fator subjetivo — a utilidade, isto é, sua capacidade de satisfazer necessidades humanas, rompendo com a teoria clássica do valor-trabalho.
Como a necessidade é uma característica subjetiva, também a utilidade de um bem terá uma avaliação subjetiva; um mesmo bem ou serviço terá diferentes utilidades e, portanto, valores diferentes, de acordo com o indivíduo. Para explicar esse aspecto, a escola marginalista considera que a satisfação de cada necessidade requer certa quantidade de um bem ou serviço.
À medida que a quantidade consumida pelo indivíduo aumenta, reduz-se a satisfação obtida. O valor de cada bem é dado pela utilidade proporcionada pela última unidade disponível desse bem, ou seja, por sua “utilidade marginal”.
Os marginalistas argumentam que um bem muito abundante pode ser utilizado de formas que não são essenciais. À medida que ele escasseia, as formas não essenciais devem ser abandonadas: sua utilidade marginal aumenta.
Desse modo, a utilidade marginal mede a necessidade que ainda resta a ser satisfeita e, portanto, o valor do bem.
Os fatores de produção também são objeto de uma avaliação subjetiva, ou seja, de uma desutilidade ou renúncia à utilidade.
Segundo a teoria marginalista, o trabalho causa desprazer enquanto atividade e só é realizado porque seus resultados (bens e serviços) proporcionam utilidade. À medida que o trabalho se prolonga, sua desutilidade (o desprazer provocado pela fadiga) aumenta e a utilidade marginal de seu produto diminui.
Quando a desutilidade e a utilidade se igualam, o trabalho cessa. Analogamente, o capital é visto como bens a cujo usufruto o indivíduo renuncia no presente para consumir uma maior quantidade no futuro.
Resulta, portanto, de uma negação do consumo individual imediato, na expectativa de um rendimento maior no futuro, a partir da comparação entre duas utilidades separadas no tempo.
A partir dessas proposições, deduz-se que a cada bem se associa um custo, um preço de oferta, que aumenta com o volume de bens produzidos. Como cada bem é produzido mediante utilização de trabalho e capital, o crescimento da produção requer volumes cada vez maiores de trabalho e capital. Com isso, o custo do trabalho eleva-se, pois sua desutilidade cresce.
Desse modo, os marginalistas explicam o fenômeno pelo qual a oferta de uma mercadoria só pode crescer se houver aumento de seu preço.
A formação dos preços no mercado ocorre de acordo com a clássica lei da oferta e da procura, explicada pela teoria marginalista a partir de um critério psicológico e de fundo racionalista.
O produto resultaria da combinação entre três fatores de produção (trabalho, capital e recursos naturais), combinados em determinadas proporções, conforme cada caso.
A produtividade de cada fator diminui à medida que sua quantidade no processo produtivo aumenta em relação aos outros fatores. Na margem, a produtividade de cada fator reflete seu valor, isto é, sua escassez relativa.
Assim, um fator será tanto mais valioso quanto menor for sua disponibilidade. Sendo os fatores comercializados num mercado de concorrência perfeita — premissa clássica mantida pelos marginalistas —, demonstra-se que seus preços (salário do trabalho, juros do capital e renda da terra) correspondem às respectivas produtividades marginais. O marginalismo surge como escola e teoria econômica estruturada a partir de 1870, elaborado e desenvolvido independentemente nas obras de três economistas: Karl Menger (Die Grundsätze der Volkswirtschaftslehre (Princípios da Economia Política)), William Jevons (The Theory of Political Economy (Teoria da Economia Política)) e Léon Walras (Éléments d’Économie Politique Pure (Elementos da Economia Política Pura)). No início do século XX, a análise econômica baseada na utilidade marginal é refinada pelos representantes das três escolas mais importantes: a inglesa, com Alfred Marshall (1842-1924); a austríaca, representada por Böhm-Bawerk (1851-1914) e Von Wieser (1851-1926), discípulos de Menger; e a de Lausanne, com Pareto (1848- 1923), discípulo de Walras. Tornou-se o fundamento da doutrina econômica acadêmica oficial dos países capitalistas, reafirmando o sistema de concorrência perfeita e a inexistência de crises econômicas, admitidas apenas como acidentes ou consequência de erros. Entretanto, a profunda crise de 1929 e a consequente depressão que perdurou até a Segunda Guerra Mundial revelaram a fragilidade de suas formulações. Houve necessidade de uma análise mais abrangente, como a desenvolvida por J.M. Keynes, para adaptar a teoria econômica oficial à problemática contemporânea do capitalismo. Keynes tinha formação marginalista, mas rompeu com os preceitos ortodoxos, elaborando suas teorias da renda, consumo e investimento a partir de comportamentos sociais, e não de peculiaridades individuais. Na versão keynesiana, o marginalismo torna-se mais eclético e não enfatiza a teoria do valor marginal, relegado a textos escolares ou a interpretações de cunho ideológico. E, ao mostrar que não existe o princípio de equilíbrio automático na economia capitalista e que o investimento é o fator dinâmico na economia, Keynes inaugura uma nova fase de ciência econômica, que se utiliza cada vez mais do instrumental matemático aplicado a problemas práticos, mas também de uma visão mais geral e interdependente dos grandes agregados econômicos.