Pânico de 1893 – grave crise econômica ocorrida nos Estados Unidos, iniciada em 1893 e que terminou em 1897.
Termo correspondente em inglês – Panic of 1893.
Veja também – Pânico de 1873; Pânico de 1876 e Pânico de 1885.
Afinal, o que foi o Pânico de 1893?
O Pânico de 1893 foi uma séria depressão econômica ocorrida nos Estados Unidos iniciada em 1893 e que terminou em 1897, após cinco anos.
Similar ao Pânico de 1873, está crise foi causada pela super construção de estradas de ferro e amplo financiamento de ferrovias que levaram a uma série de falências entre os bancos.
Entre 1870 e 1890, o número de propriedades agrícolas nos Estados Unidos aumentou quase 80%. O valor estimado desse total de propriedades cresceu cerca de 75%.
Essa expansão da atividade agrícola, somente foi possível por uma expansão do crédito agrícola. Estima-se que as terras de cultivo no Estado do Kansas foram oferecidas como garantias em empréstimos (hipotecas) em valores equivalentes a 45% de seu valor real. Situações semelhantes ocorriam em outros estados, tais como: Dakota do Sul (46%), Minnesota (44%), Montana (41%) e Colorado (34%).
Entre 1870 e 1890, a produção de trigo, milho e algodão cresceu cerca de 100%, um percentual superior ao aumento populacional, que foi de aproximadamente: 66%. Isso criou uma tendência à queda de preços, que somente poderia ser revertida por uma aumento nas exportações.
Mas isso não se mostrou muito viável, pois a competição pelos mercados mundiais era acirrada: o Egito e a Índia emergiam como fontes rivais no mercado de algodão, enquanto que outros produtores aumentavam a exportação de cereais.
Essa situação levou a uma queda de preço dos produtos agrícolas nos Estados Unidos. Desse modo, entre 1870 e 1890, o preço do milho caiu cerca de 11%. Situação mais grave ocorreu com o trigo (-40%) e com o algodão (-49%).
Em 1889, o preço do milho no Estado do Kansas era cotado a cerca de metade do custo estimado de produção.
Alguns agricultores, que precisavam de dinheiro para saldar dívidas, tentaram aumentar a renda aumentando a produção de produtos cuja superprodução já havia feito os preços desabarem, o que reduziu drasticamente as receitas agrícolas.
Estima-se que entre 1879 e 1883, foram construídas, em média, cerca de oito mil milhas de ferrovias por ano. Essas construções incrementavam a procura por: madeira, carvão, ferro e aço.
Entre 1870 e 1890, o incremento da produção industrial foi de cerca de 296%. Isso se refletiu em uma crescente independência das importações europeias e em um aumento da exportação de produtos industrializados dos Estados Unidos.
O valor da produção industrial norte-americana já era mais da metade do valor da produção industrial europeia e o dobro da produção industrial da Grã-Bretanha[3].
Causas estruturaiseditar
Diversas foram as causas estruturais que ajudaram a desencadear o Pânico Financeiro de 1893, dentre elas:
- a política monetária subordinada ao padrão-ouro;
- a queda dos preços dos produtos agrícolas, que fez com que as dívidas contraídas recentemente para expansão da atividade agrícola se tornasse um fardo insuportável, gerando redução do consumo dos produtos manufaturados pelos produtores agrícolas (o consumo de equipamentos agrícolas começou a cair já em 1891);
- o subconsumo (a economia produzia bens e serviços a uma taxa maior do que a sociedade consumia, o que gerava um acúmulo de estoques que fazia com que as empresas reduzissem a produção, tal redução gerava mais desemprego, o que, por sua vez, agravava ainda mais o problema do subconsumo);
- o aumento do ritmo na execução de hipotecas agrícolas gerou uma contração do crédito agrícola;
- redução dos índice de confiança dos agentes econômicos, reduzindo o consumo e novos investimentos;
- no início da década final do século XIX, apesar de um saldo positivo na balança comercial, os Estados Unidos tinham uma balança de pagamentos negativa.
Paradoxalmente, em 1892, pouco antes do Pânico Financeiro de 1893, houve uma melhoria dos indicadores econômicos, o que poderia significar uma superação de uma situação de crise. O ritmo da construção civil atingiu o pico em abril de 1892, depois teve início um declínio que somente seria revertido na virada do século, quando o ritmo da construção civil voltou a crescer.
Outros setores da economia também apresentavam sinais de fraqueza, na medida em que se aproximava a março de 1893, quando ocorreu a posse de Grover Cleveland, na Presidência dos Estados Unidos.
A redução do ritmo na construção de ferrovias também gerou uma redução da demanda de diversos produtos. Esse fato era particularmente relevante pois, nas décadas de 1870 e 1880, a expansão das ferrovias representava entre 15 e 20 por cento do investimento nacional total (na década de 1880, 90% da produção de aço laminado dos Estados Unidos, tinham como destino, a produção de trilhos). Em 1887, foram construídas 12.984 milhas de novas ferrovias, nos anos seguintes, esse índice caiu abruptamente.
Essa queda de investimentos, ocorreu porque: ganhos insatisfatórios e baixo retorno para os investidores (em 1892, apenas 44% das ações ferroviárias em circulação retornaram dividendos, embora o dobro dessa proporção de títulos pagasse juros) indicavam que uma maior expansão das ferrovias resultaria em um menor grau de retorno dos investimentos[3].
Causaseditar
O Pânico de 1893 tem muitas causas. Uma das causas pode ser rastreada até a Argentina. O investimento foi incentivado pelo banco argentino que era agente do Baring Brothers. No entanto, a quebra da safra de trigo de 1890 e um golpe fracassado em Buenos Aires encerraram novos investimentos. Além disso, as especulações sobre propriedades sul-africanas e australianas também fracassaram. Como os investidores europeus temiam que esses problemas pudessem se espalhar, eles iniciaram uma corrida ao ouro no Tesouro Estados Unidos.
A Moeda de ouro era considerada mais segura do que o papel-moeda; quando as pessoas estavam incertas sobre o futuro, elas trocavam notas em papel por moedas de ouro.[3]
Durante a Era Dourada americana, a expansão da economia americana foi enorme em diversos setores, principalmente na construção de ferrovias, porém, com o tempo houve uma bolha no setor que contribuiu para as incertezas.[4]
Efeitoseditar
Como resultado do pânico, os preços das ações caíram. Quinhentos bancos fecharam, 15 000 empresas faliram e várias fazendas deixaram de operar. A taxa de desemprego atingiu 25% na Pensilvânia, 35% em Nova York e 43% em Michigan.
O presidente Grover Cleveland foi culpado pela depressão. As reservas de ouro armazenadas no Tesouro dos EUA caíram para um nível perigosamente baixo. Isso forçou o presidente Cleveland a emprestar US$ 65 milhões em ouro do banqueiro de Wall Street banqueiros JP Morgan e da Família Rothschild, da Inglaterra.[5] Seu partido sofreu enormes perdas nas eleições de 1894 , sendo em grande parte culpado pela espiral descendente da economia e o esmagamento brutal da Greve Pullman. Após sua derrota em 1896, os democratas não retomaram o controle de nenhum ramo do governo federal até 1910.
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Fontes de pesquisa e de referência
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Como citar esse artigo em seus trabalhos
Pânico de 1893. In: Dificio – seu dicionário on-line de finanças, investimentos e contabilidade, 2021. Disponível em: <https://www.dificio.com.br/panico-de-1893>. Acesso em: dia, mês e ano.
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FONTE: https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A2nico_de_1893
1) 1876 (queda de 2,1%):
A recessão de 1876 decorreu do chamado Pânico de 1873, uma grave crise financeira que desencadeou uma depressão na Europa e América do Norte e que durou até 1879.
Suas causas são variadas, mas têm a ver, entre outros fatores, com a inflação americana, investimentos especulativos desenfreados (predominantemente em ferrovias), a desmonetização da prata na Alemanha e nos Estados Unidos e a Guerra Franco-Prussiana (1870 a 1871).
2) 1885 (queda de 0,02%):
A contração da economia global em 1885 está diretamente ligada à recessão americana que durou de 1882 a 1885.
Com 38 meses de duração, foi a terceira maior recessão dos Estados Unidos, depois apenas da Grande Depressão de 1929 e da Grande Depressão de 1873.
Em maio de 1884, o colapso de uma corretora, a Grant and Ward, provocou uma quebra generalizada no mercado de ações do país, afetando fortemente a economia americana.
3) 1893 (queda de 0,8%)
O Pânico de 1893 foi uma grave depressão econômica nos Estados Unidos, que começou em 1893 e terminou em 1897, afetando profundamente todos os setores da economia e desencadeando revoltas políticas. Pela primeira vez, o nível de desemprego nos EUA superou 10% por mais de meia década.
Vale lembrar que o período que durou de 1873 até 1879 ou 1896 (dependendo da métrica usada), foi apelidado na época de ‘Grande Depressão’ e manteve esse nome até a Grande Depressão de 1930. Atingiu particularmente a Europa e os Estados Unidos.
Embora tenha sido um período de contração econômica e deflação generalizada, não foi tão severa quanto a turbulência financeira de 1930.
4) 1908 (queda de 3%)
O Pânico de 1907 foi a primeira crise financeira mundial do século 20, apenas superada em gravidade pela Grande Depressão de 1930.
Essa recessão trouxe um legado importante, pois estimulou o movimento de reforma monetária que levou ao estabelecimento do Federal Reserve, o banco central americano.
Economistas argumentam que as lições do Pânico de 1907 mudaram a maneira como os banqueiros de Nova York percebiam a importância de um banco central porque o pânico se instalou principalmente entre empresas fiduciárias, instituições que competiam com os bancos por depósitos.
5) 1914 (queda de 6,7%)
A recessão de 1914 coincide com o início da 1ª Guerra Mundial. Economistas dizem que essa contração, apesar de grave, acabou ofuscada e esquecida por outra crise, a diplomática, que provocou o primeiro conflito a nível global da história.
À medida que o confronto se tornava cada vez mais iminente, o temor nos mercados globais desencadeou um enorme pânico financeiro. Os investidores, temendo que suas dívidas não fossem pagas, retiraram ações e títulos em uma corrida por dinheiro, o que, naquela altura, significou uma corrida por ouro.
A Bolsa de Valores de Londres reagiu, fechando em 31 de julho e permanecendo assim por cinco meses. Já a bolsa de valores dos EUA também fechou no mesmo dia e manteve-se inoperante por quatro meses.
Mais de 50 países experimentaram alguma forma de esgotamento de ativos ou execução bancária.
Segundo Richard Roberts, professor de História Contemporânea na Universidade King’s College em Londres, “durante seis semanas, durante agosto e início de setembro, todas as bolsas de valores do mundo foram fechadas, com exceção da Nova Zelândia, Tóquio e da Bolsa de Mineração de Denver, Colorado”.
6) 1917-1921 (queda de 4,4%)
A recessão de 1917 a 1921 ocorreu ao fim da 1ª Guerra Mundial, quando o mundo ainda se recuperava dos estragos causados pelo confronto.
7) 1930-1932 (queda de 17,6%)
Considerada a pior recessão econômica do sistema capitalista do século 20, a Grande Depressão, também conhecida como Crise de 1929, teve início em 1929 com o crash da Bolsa de Nova York.
Diversos países do mundo, inclusive o Brasil, sofreram os efeitos devastadores desse cataclismo financeiro.
O dia 24 de outubro de 1929 é considerado seu principal marco de referência, pois, naquele dia, os valores das ações na bolsa de valores de Nova York, a New York Stock Exchange, despencaram drasticamente. O crash da bolsa ficou conhecido como ‘Quinta-Feira Negra’. Milhares de acionistas perderam tudo, da noite para o dia.
Essa quebradeira acelerou drasticamente os efeitos da recessão já existente, provocando o fechamento de empresas e indústrias e forçando demissões em massa.
8) 1938 (queda de 0,5%)
A recessão iniciada em 1937 ocorreu durante a recuperação da Grande Depressão.
Segundo o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica dos EUA, essa contração, que durou de maio de 1937 a junho de 1938, foi a terceira pior recessão do país no século 20: o PIB real americano caiu 10%; o desemprego, que havia diminuído consideravelmente após 1933, atingiu 20% e a produção industrial contraiu 32%.
Segundo economistas, as possíveis causas dessa recessão foram uma contração no suprimento de dinheiro causada por políticas do Federal Reserve e do Departamento do Tesouro e políticas fiscais contracionistas.
9) 1945-1946 (queda de 15,4%)
A recessão de 1945-1946 resultou diretamente do pós-guerra. O conflito, que envolveu mais de 70 países, incluindo o Brasil, causou estragos drásticos na economia mundial, particularmente na Europa e nos Estados Unidos.
11) 1982 (queda de 1,3%)
A recessão do início dos anos 80 foi uma grave recessão econômica global que afetou grande parte do mundo desenvolvido no final dos anos 70 e início dos anos 80.
Seus efeitos não foram tão duradouros nos Estados Unidos e no Japão, mas o alto desemprego continuou afetando outros países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) até pelo menos 1985.
Suas origens remontam à crise do petróleo de 1973 e a crise energética de 1979. Até então, foi a recessão mais profunda desde o pós-guerra.
12) 1991 (queda de 0,3%)
A recessão do início dos anos 90 afetou grande parte do mundo ocidental. Acredita-se que foi causada pela política monetária restritiva promulgada pelos bancos centrais principalmente em resposta a preocupações com a inflação, à perda de confiança do consumidor e das empresas como resultado do choque dos preços do petróleo em 1990, ao fim da Guerra Fria e à subsequente queda nos gastos com defesa, à crise de poupança e empréstimos e a uma queda na construção de escritórios resultante da construção excessiva nos anos 80.
As 14 recessões dos últimos 150 anos – e por que a do coronavírus deve ser a 4ª pior. G1, 1 jul 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/07/01/as-14-recessoes-dos-ultimos-150-anos-e-por-que-a-do-coronavirus-deve-ser-a-4a-pior.ghtml>. Acesso em 29 fev 2024.
TIMBERLAKE JR., Richard H. Panic of 1893. In: GLASNER, David; [et al.]. Business cycles and depressions: an encyclopedia. New York: Garland Publishing, 1997. pp. 516–18.