Plano elaborado no primeiro semestre de 1987 pelo ministro Luís Carlos Bresser Pereira, para tentar debelar o processo inflacionário. O plano incorporava as características consideradas positivas do Plano Cruzado, mas com algumas modificações para evitar os pontos negativos daquele plano. O novo choque era fundamentalmente heterodoxo, mas incorporava alguns elementos ortodoxos. As medidas mais importantes foram as seguintes: 1) congelamento geral de preços e salários por um prazo de noventa dias, com o propósito de baixar a inflação para patamares bem inferiores aos existentes; 2) após essa primeira fase do congelamento, o plano previa uma fase de flexibilização de preços com reajustes mensais de preços e salários, a fim de corrigir eventuais desequilíbrios herdados da fase anterior; 3) após os ajustes da fase de flexibilização, o plano estabelecia a liberação de preços, que passariam a ser definidos pelas forças do mercado; 4) estabelecimento de um novo indexador, a Unidade de Referência de Preços (URP), que reajustaria os salários e determinaria os tetos para os reajustes de preços. O valor inicial da URP foi fixado em NCz$ 100 a partir de 15/6/1987, permanecendo inalterado até o final do período de congelamento. Nos três meses seguintes, a URP seria reajustada a uma taxa fixa determinada pela variação média mensal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ocorrida durante o período de congelamento. Nos trimestres subsequentes a taxa que reajustaria mensalmente a URP seria igual à taxa média mensal da variação do IPC, verificada no trimestre imediatamente anterior, e assim sucessivamente; 5) adoção de uma política monetária e fiscal rigorosa com a intenção de reduzir o déficit público e impedir um crescimento explosivo da demanda, como acontecera durante os primeiros meses do Plano Cruzado. O Plano Bresser, ao contrário do Plano Cruzado, encontrou a economia já em processo de desaceleração e procurou conservar esse estado de coisas (para evitar a expansão da demanda e o malogro do congelamento) por meio de uma redução dos salários reais, assim como de uma manutenção em níveis elevados das taxas de juro e de uma elevação real da taxa cambial. A economia de fato se manteve com um crescimento muito pequeno, e a tentativa de reajustar os preços do setor público trouxe novas pressões inflacionárias, que foram aceleradas pelos reajustes mensais de preços e salários oficializados no Plano Bresser. A perspectiva de um novo congelamento na economia fez com que esses preços tendessem a se elevar mais ainda, e a escalada inflacionária do final de 1987 levou não apenas à substituição de Bresser Pereira, mas também à volta dos princípios ortodoxos, isto é, monetaristas, para o combate do processo inflacionário.