A sobrerremuneração devida à inelasticidade decorrente do caráter limitado de certos fatores de produção (especialmente a terra) ou da inadaptação temporária da oferta à procura. Num sentido amplo, o termo é utilizado para designar a renda nacional. Denomina também um fluxo de unidade monetária por unidade de tempo. As teorias clássicas sobre a renda buscavam explicar os rendimentos da terra. Foi David Ricardo quem, nesse contexto, tornou mais claro o conceito de renda formulado a partir das variáveis fertilidade do solo e distância dos mercados. Após Ricardo, o conceito estendeu-se para outros setores que não o agrícola, passando a ser encarado como um excedente, uma sobrerremuneração devida à inelasticidade. O economista neoclássico Alfred Marshall introduziu o conceito de “excedente do consumidor” ou “renda econômica do consumidor” para designar a diferença entre o preço que alguém se dispõe a pagar por certo bem e o preço realmente pago. Para Marshall, esse último é sempre inferior ao preço que faria a pessoa desistir da compra. Assim, essa diferença entre o “preço de desistência” e o preço pago constitui a renda do consumidor, ou seja, a medida econômica de sua satisfação complementar. Além disso, viu a terra como o caso extremo ou limitador de uma série de agentes produtivos cuja oferta também pode ser inelástica e, portanto, geradora de renda. As máquinas, por exemplo, têm oferta inelástica a curto prazo, embora seja elástica a longo prazo. Como sua oferta não é fixa, os ganhos provenientes de seu uso não poderiam ser chamados de renda, no sentido econômico. Mas, a curto prazo, não pode aumentar nem diminuir sua oferta, pois tem uso durável e produção demorada. Aos rendimentos provenientes da demora de ajustamento da oferta dessa modalidade de equipamento à procura, Marshall deu o nome de “quase renda”. Dessa maneira, a renda na produção industrial nasce da concorrência insuficiente ou de monopólios mais ou menos prolongados. A maioria das rendas tem causas temporárias, ao contrário da renda da terra, ligada em última análise à fertilidade do solo. Existem, portanto, dois tipos de renda derivados da raridade ou escassez: a renda dos agentes naturais disponíveis em quantidade limitada e inferior às necessidades; e a dos bens colocados à disposição dos consumidores, numa quantidade inferior à demanda que existiria se apresentassem preço igual a seu custo. Depois de Marshall, alguns autores modernos optaram por utilizar o termo “benefício” para designar renda de escassez. Já outros distinguem o benefício da renda de escassez. Schumpeter, em sua Teoria do Desenvolvimento Econômico, apresentou os fundamentos da distinção entre benefício e renda de escassez. Segundo ele, a renda empresarial seria benefício quando resultante da iniciativa da empresa, ou seja, da introdução de inovações no processo produtivo. A renda da empresa seria de escassez quando resultasse de uma situação de monopólio. Veja também Distribuição da Renda; Quase Renda; Renda da Terra.