Economista e sociólogo norte- americano, fundador da chamada escola institucional de economia, que se propõe a estudar o sistema econômico como um todo, privilegiando o papel das instituições. Veblen presenciou e analisou em profundidade o crescimento da produção em massa e da grande empresa moderna e o surgimento do capitalismo financeiro, do qual foi um crítico sistemático. Sua obra extensa e eclética se divide em textos críticos sobre economia política e textos de teoria da organização industrial. Veblen criticou fortemente o conteúdo e o método do marginalismo norte-americano, representado por John Bates Clark, por fazer uma abstração hedonista irreal do homo oeconomicus e por expressar toda a atividade humana em termos do que chamou de “lucro pecuniário”. De modo geral, Veblen argumenta que é preciso reconhecer o caráter humano dos fatos econômicos, que deveriam ser explicados a partir dos “hábitos de pensamento” vigentes e da força das instituições que condicionam os indivíduos. Como as instituições estão sempre se modificando — graças ao desenvolvimento da tecnologia, que estimula a criação de novos hábitos e formas de pensar —, a economia deve ser uma ciência evolutiva, ou seja, uma teoria da evolução econômica. Veblen enfatizou a contradição entre o progresso tecnológico-industrial e a estrutura marcadamente financeira da organização dos “negócios”: ao introduzir novos meios de produção, a tecnologia tenderia a reduzir o valor dos bens de capital, aumentando sua taxa de depreciação. Assim, para o proprietário acionista, a tecnologia seria uma força hostil, que desgastaria o valor do capital, criando depressões econômicas. A principal contribuição foi a análise cultural, o estudo do que chamou de “cultura pecuniária”. Sua mais famosa obra, The Theory of the Leisure Class (Teoria da Classe Ociosa), faz uma abordagem psicológica e antropológica da burguesia norte-americana, formada ao redor da indústria capitalista. Desmistifica como fictícias suas funções sociais, denuncia a exploração e a manipulação das massas pelo “consumo conspícuo” e pela “emulação pecuniária”, conceitos que se tornaram correntes nas ciências humanas. Em seu livro seguinte, The Theory of Business Enterprise (A Teoria da Empresa), 1904, Veblen expõe a contradição entre os interesses exclusivamente pecuniários dos homens de negócio e a produção de bens úteis à sociedade, descrevendo a monopolização da indústria e as complexidades do moderno capital financeiro. Em Engineers and the Price System (Os Engenheiros e o Sistema de Preços), 1921, detecta as tendências para a formação de uma tecnocracia, com o poder entregue aos economistas e engenheiros. The Place of Science in Modern Civilization (O Lugar da Ciência na Civilização Moderna), 1919, é uma expressiva coletânea de seus artigos econômicos. Em Interesses em Jogo (1919), Veblen conclui pela necessidade de uma nova ordem social. Mas não acreditava no sucesso do socialismo: achava que ou os proprietários reforçariam seu poder amparando-se no Estado, o que poderia conduzir a um regime militar, ou as pressões sociais levariam ao poder uma tecnocracia. Sua última obra, Absentee Ownership (Propriedade Absenteísta), 1923, acentua uma visão pessimista da evolução econômica. Veja também Consumo Conspícuo; Emulação Pecuniária.