Economista neoclássico e engenheiro francês, professor de Economia Política em Lausanne (1870- 1892), um dos fundadores da teoria da utilidade marginal e da economia matemática. Foi um dos primeiros economistas a elaborar uma teoria geral abstrata do equilíbrio econômico, que expressou em equações funcionais, combinando uma teoria do valor-utilidade com uma teoria matemática precisa do equilíbrio do mercado. Essa teoria do equilíbrio, apoiada numa ampla análise estática, enfatiza a interdependência dos fatos econômicos, ao substituir a noção de causa (unilateral) pela função (recíproca), abrindo caminho para a análise macroeconômica contemporânea. Independentemente de Jevons e Menger, Walras enunciou a doutrina da utilidade marginal em sua primeira e principal obra, Elementos de Economia Política Pura, publicado em duas partes, a primeira em 1874, em que analisa a teoria da troca, e a segunda em 1877, na qual trata da teoria da produção. Como Jevons e Menger, Walras fundamenta o valor da troca na utilidade e nas limitações de quantidade. O desejo de que as utilidades marginais sejam iguais, de acordo com a Segunda Lei de Gossen, conduziria à troca. E esse desejo, junto com as quantidades de mercadorias que cada indivíduo possui, determinaria uma oferta e uma procura representadas por uma equação funcional. Mas Walras se ocuparia sobretudo não da questão do valor, e sim do equilíbrio via mecanismo de preços. Num mercado competitivo, o equilíbrio seria obtido a partir de um preço no qual a oferta e a procura se igualassem. Para demonstrar como esse preço é determinado pela concorrência, Walras utiliza o conceito de prix crié (o preço apregoado em leilão). Quando a oferta e a procura não são iguais a esse preço, apregoa-se outro preço, e assim sucessivamente, até se obter a igualdade e se atingir o preço do equilíbrio. Depois de representar cada mercadoria por equações de oferta e de procura em termos de preços de equilíbrio, Walras analisa o problema do equilíbrio geral da troca, usando também um conceito especial, o de numéraire, uma mercadoria-artifício que ele utiliza como unidade de conta para demonstrar a existência de uma solução matemática para o equilíbrio geral. Constrói, assim, um modelo matemático do equilíbrio geral como um sistema de equações simultâneas em que há uma interdependência dos preços, da procura e da oferta, sendo essa sua grande contribuição à economia moderna. Tomando como variáveis independentes mais os preços que as quantidades trocadas, Walras demonstra que, dados certos preços, cada indivíduo continuará trocando mercadorias até que a proporção das utilidades marginais das mercadorias seja igual à proporção de troca, atingindo, por meio de equações, determinado equilíbrio. Walras tenta aplicar sua análise do equilíbrio ao problema dos preços dos fatores de produção, chegando a uma posição semelhante à da escola austríaca moderna, ao expor o princípio do custo de oportunidade e da teoria da produtividade marginal. Walras escreveu ainda Études d’Économie Sociale (Estudos de Economia Social), 1896, e Études d’Economie Politique Appliqué (Estudos de Economia Política Aplicada), 1898. Veja também Marginalismo.